Carta para Deus

Deus,
Ás vezes me pergunto para quê fui feita. Tenho pressa de viver, escrever, respeitar e, participar de partícipios passados. Mas, eu não estou aqui, meu corpo flutua e é abusado pela pressa. Será que me ouve? Será que serei uma obra completa? — como uma edição de luxo da livraria do Centro. Será que esqueço de praticar como deveria e exercitar minha fé? Mas, com quase certeza, eu só fui feita de um molde quebrado.
Aprendi com Clarice Lispector, que o “viver” é ranziza, que o “respeitar” derespeita suas vontades e, “participar” é ser excluído. Prefiro infinitamente viver caminhando sobre essas dúvidas. Não aguento a apatidão do vazio, não mais. Quero luz, mas não quero esperar sem fazer nada.
Me busque e, me leve para o céu dos escritores. Me deixe escrever no reino.
Eu acho que, Deus (você) lê minhas cartas, dentro dos meus pensamentos.
De Vitória Mairinque, em Verde.


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